Crianças " F5" - Elas
nasceram de 2001 a 2007, se atualizam num clique e são íntimas de banda larga,
rede social e dispositivo móvel, aponta pesquisa
POR SÉRGIO
MATSUURA
/ ATUALIZADO 13/07/2013 21:36
RIO
- Ao lado de carrinhos e bonecas, tablets e smartphones. No meio da brincadeira
de pega-pega, uma pausa para os jogos eletrônicos. A vivência com a tecnologia
faz parte do cotidiano de 60% das crianças entre 6 e 11 anos das classes A e B
do Rio, aponta o estudo Riologia, desenvolvido pela NBS e pela Casa 7 Núcleo de
Pesquisa. Os pequenos, nascidos entre 2001 e 2007, acompanharam o estouro da
banda larga e das redes sociais e o surgimento dos dispositivos móveis, uma
revolução que está mudando o mundo e o desenvolvimento infantil.
Essa
avalanche informacional modificou a forma como as crianças lidam com o conteúdo
a que são expostas. A diretora de atendimento da NBS, Tatiana Soter, uma das
responsáveis pelo estudo, classifica essa geração como “F5”, em referência à tecla
“atualizar” do computador.
—
Representa o rápido, o novo, o atual sempre. A atualização é fácil como apertar
um botão — explica Tatiana.
A
pequena Giovanna Veiga, que comemora seu décimo aniversário nesta
segunda-feira, faz parte da geração “F5”. No ano em que nasceu, surgiu o Skype.
Em 2004, foram criadas as redes sociais Orkut e Facebook e, três anos depois, o
lançamento do iPhone deu início ao boom do mercado de smartphones. Ao longo de
sua década de vida, Giovanna acompanhou o surgimento de diversas ferramentas.
Em 2011, ganhou seu primeiro smartphone e, recentemente, um iPad Mini, usados
para acessar as redes sociais Facebook e Instagram.
— O
pior castigo é ficar sem o iPad. Antes, a minha mãe me proibia de descer para o
play. Agora ela fala que vai tirar o iPad — diz a menina.
Cinco ‘Fs’ como marca
Cinco
“Fs” definem as características das crianças da geração “F5”. Elas são: full
time, estão sempre conectadas; feed, são estimuladas por diversas fontes de
conteúdo; filtro, selecionam o que é relevante; foco, se aprofundam nos temas
de interesse; e flexibilidade, capacidade de transitar com facilidade entre os
assuntos.
—
Diferentemente dos primeiros nativos digitais, que tinham uma busca horizontal
por conteúdos, a geração “F5” transita entre as fontes de informação e se
aprofunda nos assuntos de interesse — explica Tatiana Soter, da NBS.
De
acordo com a pesquisa, as crianças da geração “F5” ficam, em média, 2h39m por
dia na internet, sendo que 29% delas têm computador próprio e mais da metade
(55%), celular. Os meninos se interessam mais por games (34%), enquanto as
meninas preferem as redes sociais (24%).
—
No geral, o comportamento de uma criança de agora se assemelha muito com o das
crianças de 30 anos atrás. Elas gostam de brincar, pular elástico. Mas têm um
grande brinquedo que é o iPad. E têm acesso a uma quantidade de informação que
não se tinha no passado — diz a diretora da Escola Parque, Patrícia Lins e
Silva.
A
observação se encaixa na rotina de Giovanna.
—
Gosto de jogos de vestir bonecas — conta.
A
mãe da menina, Renata Paola Veiga de Oliveira, incentiva o uso de tecnologia.
Segundo ela, “não é possível nadar contra a corrente”. Porém, tenta equilibrar
o tempo que a filha gasta com gadgets e “brincadeiras da antiga”.
—
Ela usa muito a tecnologia, mas eu controlo. Se eu deixar, ela fica direto —
diz Renata